Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e o saneamento para todos até 2030 é o que estabelece o sexto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Mas garantir água de qualidade depende de vários fatores, entre eles, a preservação de ecossistemas naturais, o controle da poluição e o tratamento e destinação adequada de efluentes domésticos e da indústria.
Diminuir a pressão sobre os ecossistemas naturais para garantir água em quantidade e qualidade está entre os assuntos debatidos na Plataforma Sua Voz, espaço de consulta e discussão pública online. As contribuições registradas na plataforma serão apresentadas em sessão especial do 8º Fórum Mundial da Água, evento que será realizado de 18 a 23 de março de 2018, em Brasília. Para participar da Plataforma Sua Voz, basta fazer o cadastro aqui. A participação estará aberta até o dia 12 de março.
São cinco salas temáticas de discussão e em várias delas é possível encontrar registros sobre a necessidade de proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água. Por exemplo, na Sala Urbano os temas da proteção de nascentes e tratamento de resíduos têm sido recorrentes. Nesta sala se discute como o crescimento acelerado das cidades tem exigido que sejam adotados processos sustentáveis e integrados de gestão de águas e resíduos urbanos.
Para o professor Davi Silva Fagundes, presidente da Agenda 21 de Taguatinga, é urgente uma ação efetiva para que as nascentes e cursos d'água tenham sua vazão natural, e atendam as demandas crescentes da população do Distrito Federal. “Muitas das nascentes no Distrito Federal sequer foram mapeadas por geoprocessamento”, registrou na plataforma Sua Voz.
Outro participante brasileiro na plataforma, Haroldo Cesar, opina que o Brasil terá neste momento do 8º Fórum Mundial da Água “um papel de fundamental importância no aprimoramento das SDGs [sigla em inglês para Sustainable Development Goals ou ODS], pois desde o ano de 1992, com a Rio 92, e em 2012, com a Rio+20, foi definida a agenda do desenvolvimento sustentável”.
Haroldo Cesar, voluntário na organização não governamental Pró Azul ambiental zelando pela natureza, postou que a região do vale Paranapanema (SP), rica em nascentes e rios importantes, tem problemas de falta de saneamento que se agravam com rejeitos que são despejados nos rios, com quase ou nenhum tratamento. “E aqui no Brasil, devemos dar um basta em qualquer ação destrutiva como supressão de matas nativas, pois é sabido que isto tem influência direta nas crises climáticas e consequências desastrosas nos ciclos hidrológicos de todo o planeta”, registrou.
Já participantes da Índia, Paquistão e Uruguai apontam os desafios em seus países e a necessidade de se proteger os corpos hídricos, ter infraestrutura adequada para tratar os efluentes, e contribuir para cidades mais sustentáveis.
O indiano Mohammad Faiz Alam, um dos moderadores da Sala Urbano, relata que é possível identificar nos debates “problemas que são comuns em todas as regiões, e compreender as preocupações das pessoas”. Mestre em engenharia ambiental, Mohammad Faiz Alam explica que, na maioria das vezes, os comentários dos participantes são sobre uma questão local. “O que eu tento como moderador é entender o comentário no contexto local e global e procurar informações e exemplos que possam ser interessantes e úteis para outros participantes”, comentou.
Números
Segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2017, mais de 80% das águas residuais são despejadas no meio ambiente sem tratamento adequado, causando impactos negativos na saúde humana, na produtividade econômica, na qualidade das águas doces e nos ecossistemas.
“Em geral, a gestão das águas residuais recebe pouca atenção social e política, em comparação aos desafios do abastecimento de água, especialmente no contexto da escassez hídrica. No entanto, os dois processos são intrinsecamente relacionados – negligenciar as águas residuais pode causar impactos negativos sobre a sustentabilidade do abastecimento de água, sobre a saúde humana, a economia e o meio ambiente”, informa o estudo.
No Brasil, o Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas traz a análise da situação do esgotamento sanitário nas 5.570 cidades brasileiras e dos impactos do lançamento dos esgotos nos rios, lagos e reservatórios do País. De acordo com o documento, 9,1 toneladas de esgoto são geradas por dia, 45% da população não possui tratamento de esgotos e 55% possui esgotamento sanitário adequado.
Ainda segundo o estudo da Agência Nacional de Água (ANA) realizado em parceria com a Secretaria Nacional e Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, com a colaboração de instituições federais, estaduais e municipais, mais de 110 mil km de trechos de rio estão com a qualidade comprometida devido ao excesso de carga orgânica, sendo que em 83.450 km não é mais permitida a captação para abastecimento público devido à poluição e em 27.040 km a captação pode ser feita, mas requer tratamento avançado.
Visão e metas para um mundo melhor, para todos
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável foi aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 2015. A Agenda de desenvolvimento propõe uma ação mundial coordenada entre os governos, as empresas, a academia e a sociedade civil para alcançar os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas 169 metas, de forma a erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. Para saber mais sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável visite http://www.agenda2030.org.br/