* Ricardo Andrade
O Brasil se prepara para receber o 8º Fórum Mundial da Água, o maior evento global sobre questões hídricas, que pela primeira vez ocorre no Hemisfério Sul. Entre os dias 17 e 23 de março de 2018, em Brasília, representantes de mais de 150 países – cientistas, governantes, parlamentares, pessoas engajadas, ONGs, pesquisadores e cidadãos comuns – estarão reunidos para trocar experiências, analisar problemas e buscar soluções relacionadas ao uso consciente da água em todo o planeta.
O Fórum Mundial da Água busca trazer, acima de tudo, educação e consciência ambiental. A água tem que entrar na agenda do cidadão comum, aquele que acha que a água nasce na torneira. A pretensão é fazer um fórum que de fato transforme a discussão política sobre a água, que eleve a preocupação com o tema da água. Para isso, é necessário que todos os setores da sociedade se engajem, participem do evento.
O Brasil tem muita água doce, mas ela é mal distribuída. Onde tem água não tem gente e onde tem gente não tem água. Na Amazônia, tem água, mas tem baixa densidade populacional. No Nordeste, em quase todo o litoral brasileiro, tem gente, mas não tem água. E onde tem água e tem muita gente, muitas vezes, a água é poluída e desperdiçada. Essas questões e a crise hídrica que afeta muitas cidades pelo país reforçam a importância de realizar o Fórum em Brasília.
Não é possível oferecer água de boa qualidade no tempo certo e no lugar correto se não houver financiamento e uma boa governança. Os investimentos do governo avançaram, a conscientização da população avançou. Estamos avançando, e organizações como a Agência Nacional de Águas (ANA), as agências reguladoras estaduais, as companhias de saneamento, os governos, no Brasil em especial, têm trabalhado incansavelmente.
“Compartilhando Água” é o tema central do 8º Fórum Mundial da Água. O evento mais de 100 expositores, cerca de 1.300 palestrantes e mais de 5 mil pessoas já estão inscritas para participar das mais de 280 sessões. Além do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o Fórum vai ocupar cerca de 38 mil metros quadrados da área externa do Estádio Nacional Mané Garrincha, onde funcionarão a Expo (restrita aos participantes do Fórum), a Feira e a Vila Cidadã (espaços de participação gratuita, abertos ao público em geral). A expectativa é que o evento receba mais de 40 mil pessoas.
Na Vila Cidadã haverá mostra de cinema com exibições de longas e curta-metragem que tem a água como tema principal. A Vila também terá um mercado de soluções, espaço onde serão apresentadas soluções para o tema água. A programação para o público também se estenderá pela noite com várias apresentações culturais.
O Fórum está comprometido com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), tema da terceira rodada de debates na plataforma online Sua Voz. Pessoas do mundo todo podem participar das discussões até o dia 12 de março. Até agora, mais de 15 mil sugestões foram apresentadas pelos participantes e serão levadas para o evento.
A expectativa é que, após o evento, as pessoas entendam que é preciso mudar o padrão de consumo, e promover o uso consciente e sustentável dos recursos hídricos para que a água, indispensável à vida, não acabe.
O 8º Fórum Mundial da Água será realizado entre os dias 17 e 23 de março de 2018, em Brasília. O evento é organizado pelo Conselho Mundial da Água (WWC), pelo Governo Federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente, com apoio da Agência Nacional das Águas (ANA), e pelo Governo do Distrito Federal, com apoio da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa).
*RICARDO ANDRADE é engenheiro civil, graduado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil. Diretor da Agência Nacional de Águas do Brasil (ANA), responsável pela agenda de governança da água da ANA. Representa a ANA no Conselho Nacional de Recursos Hídricos e no Conselho Nacional do Meio Ambiente. É também Governador no Conselho Mundial da Água e Diretor Executivo da 8ª Secretaria do Fórum Mundial da Água.